A Espanha é um grande produtor mundial de vinhos e tem tradição milenar no cultivo de suas videiras. Acredita-se que a origem do vinho espanhol está associada à época em que os romanos dominaram a península ibérica, mas há registros de videiras desde 4.000 a 3.000 a.c.
O aprimoramento do vinho espanhol, entretanto, ocorreu somente depois do ataque da praga filoxera aos vinhedos franceses, pois alguns produtores franceses migraram para a Espanha e implementaram suas técnicas de vinificação.
A praga também chegou à Espanha, mas espalhou-se de forma gradativa, pois as regiões vitivinícolas não eram tão próximas quanto na França. Assim, o estrago causado pela filoxera na Espanha não foi tão devastador quanto foi na França.
Apesar da longa tradição, a modernização das técnicas de produção é recente, tendo começado somente na década de 90. De lá para cá muita coisa mudou, as regras foram aprimoradas e os vinhos ganharam qualidade e maior controle produtivo.
Os brasileiros, entretanto, costumam beber pouco vinho espanhol quando comparado com outros do velho mundo. Dentre os espanhóis, o queridinho por aqui é o Cava – espumante espanhol que muito agrada o paladar dos brasileiros.
Apesar da preferência dos brasileiros pelo espumante, o vinho espanhol vai muito além da Cava. Quer conhecer um pouco mais dos outros vinhos espanhóis? Continue lendo ou pule direto para nossas sugestões. Mas antes, um dica especial.
lightbulb_outline | Dica especial Winer: bom custo benefício
Radio Boca Tempranillo 2015 Produtor: Radio Boca |
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Classificação dos Vinhos Espanhóis
Os vinhos espanhóis são classificados de acordo com a região onde são produzidos e também segundo o envelhecimento da safra.
De acordo com a legislação atualmente vigente, há dois tipos de certificação para as regiões produtoras de vinhos: a Denominación de Origen Protegida (DOP) e a Indicación Geográfica Protegida (IGP) – também conhecida como Vino de la Tierra (VdIT).
Assim, os vinhos que são produzidos em uma DOP devem seguir todas as regras existentes para que possam utilizar talsigla em seu rótulo. O mesmo ocorre para os vinhos que são produzidos em uma IGP / VdIT. Os outros vinhos espanhóis que não são produzidos nessas regiões somente podem ser chamados de vino.
A DOP, por sua vez, subdivide-se em 4 tipos:
- Denominación de Origen (DO): regras sobre variedades de uvas, modo de cultivo e localização de vinhedos, o que impõe patamar mínimo de qualidade.
- Denominación de Origen Calificada (DOCa): somente as DOs que existem há mais de 10 anos podem ser candidatar para ser uma DOCa. Exemplos: Rioja e Priorato.
- Vinos de Pago (VP): indica propriedade de reputação alta; a vinícola deve usar somente uvas de vinhedos próprios e a vinificação e guarda de garrafas devem ocorrer na propriedade.
- Vinos de Validad com Indicación Geográfica (VCIG): categoria intermediaria entre IGP / VdIT e DO. Se permanecer com o status VCIG por 5 anos, a região pode tentar obter o certificado DO.
Em relação ao envelhecimento da safra, o vinho espanhol pode ser:
- Joven (também conhecido como Vino Del Año): é um vinho com pouco tempo de envelhecimento, como o próprio nome sugere, posto no mercado no mesmo ano ou, no mais tardar, no ano seguinte à colheita da safra. Sua principal característica é que é fresco e frutado.
- Crianza: a legislação exige envelhecimento de no mínimo dois anos. Se tinto, exige-se ao menos um ano em barrica de carvalho; se branco, 6 meses.
- Reserva: somente podem ser classificados como tal os produzidos a partir de safra de qualidade excepcional. Quanto ao envelhecimento, exige-se 3 anos para os tintos e 18 meses para os brancos, havendo necessidade de o tinto ficar 12 meses em barrica de carvalho e o branco 6 meses (como o Crianza).
- Gran Reserva: assim como o reserva, exige safra espetacular. O envelhecimento do tinto deve ser de, no mínimo, 5 anos e o dos brancos de 4. O tinto deve ficar 18 meses em barris de carvalho e o branco os mesmos 6 meses que o Reserva.
O Vinho Espanhol e suas diferentes uvas
Na Espanha há grande plantação de uvas brancas, mas a fama dos vinhos espanhóis está ligada às uvas tintas nativas, como a tempranillo, a garnacha, a monastrell, a carinena, graciano e mazuelo. Além das nativas, os espanhóis também cultivam algumas cepas internacionais, como a cabernet sauvignon, a merlot, a sauvignon blanc e a chardonnay.
Mas não há como negar o destaque da tempranillo. Essa cepa é cultivada do norte ao centro do país e, como o próprio nome sugere, amadure antes que as demais (temprano significa cedo). Outras características marcantes são a casca grossa e a pouca acidez.
As regiões produtoras de vinho
A Espanha é um país bem extenso, com muitas regiões vitivinícolas. E por ser um país muito grande, o solo e o clima de cada uma dessas regiões é distinto, fazendo com que cada vinho regional tenha características peculiares.
Não é por outro motivo que a Espanha produz distintos tipos de vinho, desde os espumantes (Cavas) até os fortificados, como o Jerez, passando, obviamente, pela produção de vinhos tintos e brancos.
As principais macrorregiões produtoras de vinho são: La Rioja, Navarra, Aragón, Cataluña, País Basco, Galícia, Castillha Y León, Castilla la Mancha, El levante, Andaluzia, Extremadura, Ilhas Canárias e Ilhas Baleares.
Dentre elas apresentamos detalhes de algumas, tais como: Rioja, Penedès (na macrorregião de Cataluña), Priorato (na macrorregião de Cataluña), Ribera del Duero, Castilla La Mancha e Navarra.
Rioja
A região de Rioja é uma das mais importantes e foi a primeira a receber a qualificação de DOCa. Está localizada ao norte da Espanha e subdivide-se em três regiões: Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Baja. O clima das duas primeiras é similar, ao passo que o da terceira se distingue especialmente por ter verões mais quentes e invernos mais rigorosos.
Tradicionalmente os vinhos espanhóis dessa região eram feitos a partir de blend de uvas, bem amadeirados em razão do longo período que os produtores costumavam deixá-los em barricas de carvalho.
Atualmente, entretanto, há predomínio de vinhos feitos a partir de um único tipo de uva (varietal), geralmente de um único vinhedo e com um pouco menos de madeira, para prevalecer a característica da uva escolhida.
Bodegas Ramires Rioja Reserva Tempranillo 2010
Produtor: Bodegas Ramires
Uva: Tempranillo
Nota: VV 3.9
Preço: R$ 180
Onde encontrar: Vinhosite
Informações atualizadas em julho de 2016.
Cataluña
A Cataluña está situada no nordeste da Espanha. Cataluña é a macrorregião que concentra o maior número de DOs da Espanha, dentre as quais destacaremos Penedès e Priorato.
Penedès
É a maior DO da Cataluña. Na parte central está localizada Sant Sadurni d’Anoia, “capital espanhola” de Cava – espumante espanhol, do qual falaremos mais adiante.
Priorato
Os vinhos espanhóis produzidos por essa DO são vinhos de excelente qualidade. Normalmente os produtores utilizam as uvas garnacha e a cariñena. O clima seco da região influencia muito no vinho por ela produzido, pois a produção das videiras é pequena, mas as uvas tem sabor concentrado, fazendo com que o vinho seja escuro, com excelente sabor de fruta.
Garnacha de Fuego
Produtor: Jorge Ordonez
Uva: Garnacha
Nota: VV 3.4
Preço: R$ 73
Onde encontrar: Vinhosite
Tinto Espanhol GR-174
Produtor: Casa Gran Del Siruana
Uva: Cabernet sauvignon, Cariñena e Garnacha
Nota: VV 3.8
Preço: R$ 176
Onde encontrar: Vinhos Web
Camins del Priorat 2012
Produtor: Alvaro Palacios
Uva: Carignan, garnacha, cabernet sauvignon e syrah
Nota: VV 3.7
Preço: R$ 246
Onde encontrar: Mistral
Informações atualizadas em julho de 2016.
Ribera del Duero
Ribera del Duero é uma DO de grande importância na Espanha. Em razão da sua altitude, os vinhedos são beneficiados com noites frias durante o ano todo – até mesmo no verão, quando a amplitude térmica é enorme.
Tempranillo é a uva que se destaca nessa região para a produção do vinho tinto. Para o vinho rosé, os produtores preferem usar a garnacha.
Cubo Selección Tempranillo 2011
Produtor: Bodegas La Candelaria
Uva: Tempranillo
Nota: RP 90
Preço: R$ 69
Onde encontrar: Grand Cru
Informações atualizadas em julho de 2016.
Castilla La Mancha
Localizada na região bem central da Espanha. Nessa região, as diferenças de temperaturas entre inverno e verão são relevantes, pois no verão os termômetros chegam a marcar 40C e no inverno chegam a 0C.
A macrorregião é subdividida em regiões menores, abrangendo algumas DOs, tais como a DO de La Mancha e de Valdepeñas. A principal é a de La Mancha, que é a maior DO da Espanha. Valdepeñas está logo ao sul de La Mancha e tem as mesmas condições climáticas que aquela, porém tem obtido maior destaque em razão da melhora da qualidade de seus vinhos.
Conde de Monterroso Crianza 2015
Produtor: Conde de Monterroso
Uva: Tempranillo
Nota: VV 3.4
Preço: R$ 48
Onde encontrar: Vinhosite
Casa Albali 2015
Produtor: Casa Albali
Uva: Sauvignon Blanc, Verdello
Preço: R$ 45
Onde encontrar: Vinhosite
Navarra
Navarra, localizado ao norte, a nordeste da região de Rioja, produz vinhos ao estilo de Rioja, porém mais jovens e com preços mais acessíveis. Além dos vinhos tintos feitos com a uva tempranillo – a mais plantada na região – também produz bons vinhos espanhóis rosés, a partir da uva garnacha, e vinhos brancos, com a uva chardonnay.
Gran Feudo Rosado 2013
Produtor: Gran Feudo
Uva: Garnacha
Nota: VV 3.5
Preço: R$ 88
Onde encontrar: Mistral
Paco & Lola By Paco 2013
Produtor: Paco & Lola
Uva: Tempranillo e garnacha
Nota: VV 3.6
Preço: R$ 124
Onde encontrar: Bacco’s
Otazu Chardonnay 2013
Produtor: Bodega Otazu
Uva: Chardonnay
Nota: VV 3.5
Preço: R$ 136
Onde encontrar: Vinci
Informações atualizadas em julho de 2016.
Cava: o espumante espanhol
Cava, apesar de não ser uma região geográfica demarcada, é uma DO. Geograficamente, abrange diversas municipalidades em diversas partes da Espanha, como da Cataluña, de Valência, de Aragón, de Navarra, de Rioja e do País Basco.
Todo espumante produzido na DO Cava, desde que siga as regra pré-estabelecidas, podem usar essa denominação. Assim, podemos encontrar Cava de Penedès, mas também de Valencia, de Navarra e de várias outras localidades. Apesar disso, a maior parte da produção de Cava está concentrada na região de Penedès, na Cataluña, especialmente ao redor da cidade de Sant Sadurni, onde está o Conselho Regulador do Cava.
A origem do C ava
Com a disseminação da praga filoxera pelos vinhedos de toda a Europa, os produtores da região de Penedès, resgataram as cepas nativas – macabeo, parallada e xarel-lo, que se revelaram resistentes à praga. Assim nasceu o Cava!
As primeiras garrafas desse espumante espanhol foram elaboradas por volta de 1872 por Josep Raventós, neto de Jaume Cordoníu, fundador da vinícola que leva seu sobrenome. O cava é um espumante feito pelo método tradicional, com segunda fermentação em garrafa e, atualmente, fica pelo menos 9 meses em contato com as leveduras.
O Cava harmoniza muito bem com tapas, mas também pode atravessar uma refeição inteira, pois combina deliciosamente bem com peixes e com carne vermelha.
Nossas sugestões de Cava
Cava Castell de Calders Brut Nature
Produtor: Castell de Calders
Uva: Macabeo e Zarel-lo
Nota: VV 3.5
Preço: R$ 90
Onde encontrar: Vinhosite
Cava Catellroig Brut
Produtor: Vinícola
Uva: Macabeo, parellada e xarel-lo
Nota: RP 88 VV 3.4
Preço: R$ 123
Onde encontrar: Grand Cru
Informações atualizadas em julho de 2016.
Jerez: o fortificado espanhol
O mais famoso vinho fortificado é, sem dúvida, o vinho do porto português. Mas a Espanha também tem o “seu” vinho fortificado, o Jerez, produzido na DO Jerez, na região de Andaluzia, localizada a sudoeste da Espanha.
Apesar de ser fortificado como o vinho do porto, o processo de vinificação do Jerez é distinto, pois a adição do álcool não ocorre durante a fermentação, mas sim depois dela. Por essa razão que o Jerez não é um vinho com alto teor de açúcar.
O sucesso desse vinho está no método de produção, chamado de Sistema Solera. De acordo com esse sistema, na produção do Jerez misturam-se vinhos jovens com velhos, vendendo-se, sempre, o mais velho.
Essas são algumas das regiões produtoras de vinhos da Espanha. Esperamos ter despertado sua vontade de conhecer mais do vinho espanhol. Aproveite seus vinhos. mas lembre-se: beba com moderação!
E você, costuma degustar vinhos espanhóis? Gostou das nossas sugestões? Conte-nos nos comentários abaixo!