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A Itália é um dos maiores produtores de vinho do mundo e também um dos países com maior diversidade de estilos. Os vinhos produzidos ao norte tem vivacidade e originalidade; os do sul não são tão interessantes, pois os produtores ainda prezam pela quantidade e não pela qualidade; o grande destaque é para os vinhos produzidos na região central, berço dos melhores e mundialmente conhecidos vinhos italianos.
Não temos a pretensão de exaurir a enorme gama de informações a respeito do vinho italiano, mas apenas de explicar um pouco a respeito da classificação desses vinhos e das expressões que normalmente estão no rótulo e que podem ser úteis para entender um pouco melhor o tipo do vinho. Destacaremos, também, as principais regiões vitivinícolas e as características peculiares de cada uma delas.
Como de praxe, ao final daremos algumas sugestões de vinhos italianos.
lightbulb_outline | Dica especial Winer: bom custo benefício
Região: Lombardia |
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Classificações dos vinhos italianos
O sistema de rotulagem dos vinhos italianos é diferente do sistema usado pela maioria dos países da América do Sul, o que dificulta um pouco a compreensão para a maioria dos brasileiros – mais acostumados com o rótulo dos vinhos nacionais e dos produzidos pelos nossos vizinhos, Chile e Argentina.
Assim como ocorre na França, o nome do vinho italiano é baseado na região onde ele foi produzido e, na maioria dos casos, não há indicação das uvas utilizadas. A ideia de usar essa nomenclatura é baseada no fato de que os vinhos de determinada região tem as mesmas características e são produzidos com as mesmas uvas; assim, a designação da região é suficiente para indicar o tipo de vinho e uvas utilizadas.
No rótulo do vinho italiano sempre haverá a indicação de uma das quatro classificações oficiais existentes, que são: Vino de Távola, IGT – Indicação Geográfica Típica, DOC – Denominação de Origem Controlada e DOCG – Denominação de Origem Controlada e Garantida.
Vino de Tavola
O Vino de Tavola é a classificação usada para o vinho italiano de baixa qualidade, proveniente de qualquer uma de suas regiões. No rótulo desse vinho não pode haver indicação da região em que foi produzido, uma vez que a região, por si só, já indica uma qualidade, um padrão de produção que os chamados Vino de Tavola não atendem. Além de não poder indicar a região, no rótulo desses vinhos também não pode haver indicação da uva utilizada e nem da safra.
Indicazione Geografica Tipica – IGT ou Indicazione Geografica Protetta (IGP)
A IGT é uma classificação criada em 1992, usada por cerca de 150 vinhos italianos de mesa, provenientes de regiões específicas. Atualmente vem sendo substituída por IGP, classificação usada pela União Europeia para designar os vinhos de determinadas regiões. O vinho italiano que contém essa indicação é vinho de melhor qualidade que o Vino de Tavola, mas não é um vinho excelente.
Denominazione di Origine Controllata – DOC
É a mais antiga das classificações existente na Itália, criada em 1963, e é utilizada por cerca de 300 regiões. O vinho italiano que pode usar essa denominação em seu rótulo deve ser produzido com uvas específicas, de acordo com a região de origem e deve seguir métodos específicos de vinificação, previamente estabelecidos.
Denominazione di Origine Controllata e Garantita – DOCG
Os vinhos com essa denominação são os melhores vinhos italianos. A DOCG é atribuída apenas para alguns DOCs, assegurando que os vinhos dessa região terão a garantia de uma excelente qualidade.
Os principais DOCGs existentes, divididos por região, são:
Piemonte: DOCG Barbaresco, DOCG Barbera d’Asti, DOCG Barolo, DOCG Brachetto d’Acqui, DOCG Dolcetto di Diano d’Alba, DOCG Dogliani, DOCG Asti e Moscato d’Asti, DOCG Roero, DOCG Ruchè di Castagnole Monferrato;
Verona: DOCG Bardolino Superiore, DOCG Amarone dela Valpolicella, DOCG Soave Superiore Classico, DOCG Recioto di Soave Classico, DOCG Soave Superiore, DOCG Soave Colli Scaligeri;
Friuli Venezia-Giulia: DOCG Colli Orientalli del Friulli Picolit;
Maremma: DOCG Val di Cornia Rosso, DOCG Suvereto;
Chianti: DOCG Chianti Classico;
Montalcino: DOCG Chianti Colli Senesi, DOCG Brunello di Montalcino;
Montepulciano: DOCG Vino Nobile di Montepulciano;
Úmbria: DOCG Montefalco Sagrantino;
Puglia: DOCG Castel del Monte Nero di Troia Riserva.
Além dessas informações, o rótulo do vinho italiano ainda pode conter diversas outras informações, como o tipo de vinho, se doce, semidoce, tinto claro, branco, forte, dentre outras.
Os Supertoscanos (ou “Fora da lei”)
Os Supertoscanos, conforme explicamos no artigo sobre o surpreendente Vinho Cabernet Sauvignon, são excelentes vinhos italianos – considerados, até mesmo, como um dos melhores do mundo – feitos com a Cabernet Sauvignon e a Merlot, cepas estrangeiras que originalmente não podiam ser cultivadas na região da Toscana.
Exatamente porque não eram produzidos com as uvas da região, esses vinhos tinham que usar a classificação de Vino de Tavola. Não obstante a sua classificação, os especialistas em vinhos e também os consumidores perceberam a excelente qualidade desse vinho italiano. Assim, para diferenciá-lo do Vino de Tavola comum, o apelidaram de Supertoscanos, nome que o tornou conhecido mundialmente.
Características das principais regiões vitivinícolas italianas
As grandes regiões produtoras de vinho na Itália possuem mais ou menos a mesma condição climática, o mesmo tipo de solo, a mesma latitude e altitude, o que confere ao vinho de cada região características próprias. Destacaremos algumas das características mais marcantes das principais regiões produtoras de vinhos.
Noroeste da Itália: Piemonte
Localizada no noroeste da Itália, nos pés dos Alpes, essa região produz excelentes e diferentes vinhos tintos com a uva Nebbiolo, uva nobre da região, como os famosos e maravilhosos Barolo e o Barbaresco.
O Barolo, vinho italiano feito somente com a Nebbiolo, é um vinho intenso, concentrado, que permanece no mínimo 3 anos no barril de carvalho. O Barbaresco, por sua vez, também é produzido apenas com a Nebbiolo, assim como o Barolo, mas permanece menos tempo no barril de carvalho, o que faz com que seja um vinho menos intenso.
Se quiser saber um pouco a respeito dos vinhos dessa região, não deixe de assistir ao vídeo em que o Renato Machado entrevista a Adriana Grasso, enófila, considerada uma das maiores conhecedores de vinhos italianos de São Paulo.
Nordeste da Itália: Lombardia, Vêneto, Verona, Friuli Venezia-Giulia e Trentino
Na Lombardia, localizada no extremo oeste da região nordeste da Itália, está o território de Franciacorta, reconhecido pela produção do melhor vinho italiano “espumante”, processado pelo método clássico (champenoise – método utilizado pelos franceses para a produção do Champagne).
A região de Vêneto, por sua vez, é conhecida pelo vinho tinto Bardolino, pelo rosé Chiaretto, ambos feitos para serem consumidos ainda jovens, e também pelo Valpolicella, vinho italiano tinto de corpo médio e sabores complexos. Mas o vinho mais famoso dessa região é o Prosecco, espumante italiano feito com a uva ‘Glera’.
Em Verona as uvas mais importantes são a Garganega e a Verdicchio, responsáveis pela produção de vinhos suaves, mas com intensidade encorpada. A suavidade dos vinhos dessa região coloca em foco o significado do nome do DOC onde são produzidos, DOC Soave. Outras uvas, como a Pinot Bianco e a Chardonnay são permitidas, mas para o vinho poder usar a designação do DOC deve ter mais de 70% de Garganega.
No extremo nordeste da Itália está a região de Friuli Venezia-Giulia, famosa pela produção de modernos e refrescantes vinhos brancos. A uva que se sobressai é a “Friulano”, mas também são cultivadas a Pinot Grigio, a Pinot Bianco, a Sauvignon Blanc e a Verduzzo. Essa região também tem se destacado na produção de vinhos tintos, que são feitos a partir de uma mistura da uva local, Refosco, com variedades internacionais, especialmente a com a Cabernet e com a Merlot.
E na divisa com a Áustria, está localizada a região de Trentino, local do famoso vale do Ádige. A região surpreende pelo corredor formado pelo vale que vai para o interior dos Alpes, da Itália para a Áustria. A DOC genérica é a de Trentino, mas diversas são especialidades de cada pequena parte dessa região que, diga-se, é repleta de uvas nativas.
Itália Central: Maremma, Chianti, Montalcino e Montepulciano
Na Itália Central está localizada a Toscana, região dos vinhos mais famosos da Itália e da uva mais plantada em todo o país, a Sangiovese. É da Toscana que saem os vinhos italianos mais renomados, como o Chianti e o Brunello di Montalcino.
Na região de Maremma é produzido o mundialmente conhecido e conceituado vinho italiano Sassicaia (artigo em inglês), primeiro Supertoscano, feito com as uvas estrangeiras Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc.
Entre as cidades de Florença e Siena encontra-se a a extensa área denominada de Chianti. Atualmente, o Chianti Classico é produzido com no mínimo 80% de uva Sangiovese, podendo ter até 20% de outras variedades regionais, como a Canaiolo e a Colorino, ou internacionais, como a Cabernet e a Merlot. Essa regra, entretanto, não vale para o Chianti simples, que ainda pode ser produzido a partir da mistura de uvas brancas e uvas tintas.
O renomado Brunello di Montalcino, que como o próprio nome diz é da região de Montalcino, foi idealizado por Clemente Santi e sua família. Atualmente esse vinho italiano somente pode ser produzido com a Sangiovese e deve envelhecer por um período mínimo de 2 anos em barril de carvalho (até pouco tempo atrás o período mínimo era de 4 anos).
O Rosso di Montalcino, por sua vez, que pode ser considerado o Brunello di Montalcino “Júnior”, também é produzido com 100% de uva Sangiovese, mas permanece apenas um ano em barril de carvalho, o que lhe confere características menos marcantes que o Brunello.
Ao lado de Montalcino está a cidade de Montepulciano, outra grande produtora de excelentes vinhos italianos. De acordo com as regras desse DOCG, o Vino Nobile di Montepulciano deve conter, no mínimo, 70% de Sangiovese e passar no mínimo 2 anos em barril de carvalho. Isso porque, diferentemente de Montalcino, em Montepulciano os vinhos são produzidos a partir de um blend de uvas.
Assim como os vinhos da região vizinha, o período mínimo de envelhecimento no barril de carvalho foi reduzido, fazendo com que o vinho normal possa envelhecer apenas um ano, o Vino Nobile 2 anos e o Riserva no mínimo 3 anos.
E é em Montepulciano que é produzido o Vin Santo, vinho italiano esquecido em muitas partes da Itália, mas que é uma delícia. Vinho doce, produzido com uvas desidratadas antes de serem fermentadas e maturadas por 3 anos em pequenos barris. É um vinho intenso e muito persistente.
A Toscana é realmente uma região excepcional e que produz vinhos extraordinários.
A Sicília
Depois de muitos anos de estagnação, a Sicília está revigorada e muito aperfeiçoada na produção de vinhos. As principais uvas nativas da ilha são a Nero d’Avola e a Frappato, que juntas produzem um blend muito apreciado por seu frescor – o Cerasuolo di Vittoria, produzido no único DOCG da ilha.
Ficou com vontade de experimentar algum vinho italiano? Confira nossas sugestões! Para facilitar sua escolha, a tabela com algumas sugestões pode ser ajustada da forma que melhor atender à sua necessidade, por preço, por nota, por região ou por produtor.
Algumas sugestões de vinhos italianos
Nome do Vinho | Tipo | Região | Nota | Preço (R$) | Onde Comprar |
---|---|---|---|---|---|
Barbera D'Alba Granera Alta | Tinto | Piemonte | VV 3.5 | 131 | Vinhosite |
Barolo 2010 | Tinto | Piemonte | JS 96 | 481 | Mistral |
Brolese Franciacorta DOCG Extra Brut Rosé | Espumante | Franciacorta | RP 90 | 245 | Grand Cru |
Brol Rosso Superiore Garda Clássico DOC 2010 | Tinto | Lombardia | VV 3.4 | 144 | Vinhosite |
Pérgola Garda Clássico Superiore | Tinto | Lombardia | VV 3.4 | 104 | Vinhosite |
Fantinel DOC Collio Pinot Grigio 2013 | Branco | Friuli | JS 91 | 94 | Wine |
Mezzacorona Merlot 2014 | Tinto | Trentino | VV 3.5 | 72 | Vinhosite |
Rosso Piceno Superiore de Angelis DOC 2012 | Tinto | Montepulciano, Toscana | VV 3.5 | 91 | Vinhosite |
Le Redole Di Casanova Toscano IGT | Tinto | Toscana | VV 3.5 | 90 | Vinhosite |
Morellino Di Scansano Terenzi DOCG Sangiovese | Tinto | Toscana | VV 3.5 | 139 | Vinhosite |
Vin Santo del Chianti 2006 | Branco doce | Toscana | VV 3.6 | 238 | Mistral |
Stemmari Syrah | Tinto | Sicília | VV 3.5 | 78 | Vinhosite |
Villa Albius Nero 2014D'Avola | Tinto | Sicília | VV 3.2 | 64 | Vinhosite |
Informações atualizadas em julho de 2016.
Conhece alguns dos vinhos que sugerimos ou tem outras sugestões? Conte-nos nos comentários abaixo.
Gostaria de saber quem são os autores desta matéria, e quais as Fontes utilizadas no embasamento destes fatos, eu gostei muito da matéria, do site em si, o que me inspira a continuar buscando por vinhos e o conhecimento a cerca deles. Desde já agradeço. Parabéns pela matéria e pelo site novamente.
Olá Elias,
Ficamos feliz que tenha gostado do post e do nosso blog de forma geral. Esperamos que continue buscando novos vinhos e que os aprecie cada vez mais!
Os autores desse post são os autores do blog, a Bia e o Tim. As fontes que usamos são diversas, como conhecimento obtido através de viagens para algumas das regiões, livros sobre vinhos, como o Atlas Mundial do Vinho e outros, além de pesquisa em sites especializados.
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